sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A MINHA MÃE E A DA ADÉLIA



Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento. (Adélia Prado)


Minha mãe achava sentimento a coisa mais fina do mundo.
Não é. A coisa mais fina do mundo é o estudo do sentimento.
Foi o que fiz, formalmente. É o que faço, no dia a dia.
Ficar entregue ao sentimento é ser barco à deriva.
Às vezes ele ilude, engana, até cega.
Sentimento sem razão, sem freio, sem respiração é nada.
O sentir sem se deixar parar é, existencialmente, um falso sentir.
Palavras - reflexões - urgem.
Elas orientam o sentimento, transformam-no, mudam sinais.
In-formam (gravam formas) na matéria bruta.
Ordenam o que antes era o caos.
Quem fala/escreve luta, não se entrega.
E mesmo um texto (quer dizer, um tecido) feito de linhas (fios)
é sempre inacabado: precisa de um receptor para ter significado.

Ana Guimarães