segunda-feira, 10 de junho de 2013

NETOS II

NETOS II

"Só sei ser íntimo ou não sei ser/ o que escrevo me ameaça de tão perto" (Armando Freitas Filho)

O luto pela saída dos netos da minha casa já data de um mês, quando soube que isso aconteceria a partir de três de junho.

Depois do choque inicial, achei que seria melhor para todos, inclusive para mim que andava cansada e estressada com a rotina doméstica de crianças&babá em regime de horário integral.

Agora que o fato se concretizou estou triste sem eles aqui, a casa vazia, silenciosa.

A única coisa boa é não ter mais que assistir/ouvir o Discovery Kids ou, pela milésima vez, Madagascar. Minto, tem mais: poder me atracar, sem interrupções, com o Toda poesia, do Leminski que ganhei no dia das mães, ainda sequer iniciado.

Ana Guimarães


NETOS


NETOS

O que diria sobre meus netos - a falta que eles me farão, apesar de todo stress e cansaço que cuidar deles resulta - periga arder na fogueira da auto-censura. 

Pensei poder estar para sempre presente no seu dia a dia, a fim de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas queridas. Mas "pra sempre sempre acaba".

A dor e o vazio que me foram bruscamente impostos pelo (justo e honroso) pedido de de demissão da mãe das crianças que agora assumirá sua função por completo cabe a mim, só a mim, prantear. Choro como nunca em demorados banhos de chuveiro.

De "vãe" (neologismo que criei para designar o ofício que vinha exercendo com dedicação e amor, desde o término da primeira licença-maternidade da minha filha, há cinco anos) passarei a avó que dizem ser alguém que freqüenta uma maravilhosa zona de conforto porque não lhe cabe responsabilidade alguma, só fruição. Talvez.

Uma esperança: que antigos laços renasçam em novos contextos e perspectivas.

Uma constatação: escrever é mesmo um sintoma: depois de longo hiato, a escrita ressurge, ainda que sob a forma de um textìculo.

Ana Guimarães

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