NETOS
O que diria sobre meus netos - a falta que eles me farão, apesar de todo stress e cansaço que cuidar deles resulta - periga arder na fogueira da auto-censura.
Pensei poder estar para sempre presente no seu dia a dia, a fim de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas queridas. Mas "pra sempre sempre acaba".
A dor e o vazio que me foram bruscamente impostos pelo (justo e honroso) pedido de de demissão da mãe das crianças que agora assumirá sua função por completo cabe a mim, só a mim, prantear. Choro como nunca em demorados banhos de chuveiro.
De "vãe" (neologismo que criei para designar o ofício que vinha exercendo com dedicação e amor, desde o término da primeira licença-maternidade da minha filha, há cinco anos) passarei a avó que dizem ser alguém que freqüenta uma maravilhosa zona de conforto porque não lhe cabe responsabilidade alguma, só fruição. Talvez.
Uma esperança: que antigos laços renasçam em novos contextos e perspectivas.
Uma constatação: escrever é mesmo um sintoma: depois de longo hiato, a escrita ressurge, ainda que sob a forma de um textìculo.
Ana Guimarães
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