sábado, 26 de dezembro de 2020

Dia 26/12 Parabéns, Lipe!

 Saudades, só portugueses/Conseguem senti-las bem/Porque têm essa palavra/Para dizer que as têm. (Fernando Pessoa)

Dezembro era sinônimo de felicidade para mim, desde menina. Rio 40 graus. Adorava o verão, nem acredito. A maresia me inebriava. A luz do amanhecer, bem cedinho. Férias, praia todo dia, o dia inteiro. Sorvete até não poder mais. E o principal, a euforia das festas: meu aniversário, Natal, réveillon. 

Já adulta (e mais tarde com filhas, e depois genros), a decoração da minha casa sempre expressou cada um desses momentos festejados. E eu gostava de cozinhar para receber. Salgadinhos, bolos e doces no parabéns, comidas típicas natalinas, e pratos especiais para aguardar o estouro do champanhe na virada. A união das pessoas à mesa, durante as refeições, quando conversas se desdobravam, era a melhor parte do cardápio.

No dia 26 de dezembro de 2007, ganhei outro motivo de alegria, o nascimento do primeiro neto, Felipe, aqui desde então, de manhã à noite, enquanto seus pais trabalhavam. Primeiros sucos, papinhas, passos, desenhos, palavras, letras, primeiras leituras. E em 2011, só que em novembro, sua irmã Carolina, outro grude comigo, veio formar a dupla de crianças mais amadas da face da terra. Durante uma boa época, muito bem vivida, eu fui a “vãe” deles. 

Mas nesse triste 2020 um dezembro cinza foi decretado, nem o pior dos pesadelos anteviu. Um espanto tão grande que não consigo me calar. Deixou a mente atônita e o coração esmagado. Impossível qualquer data comemorar. 

Tudo passa e o tempo (quase) tudo cura, mas a impressão agora é que o resto da vida, ano após ano, até o fim, jamais seria o mesmo, se o contato diário com esses dois entes queridos fosse perdido para sempre. 

Feliz Aniversário, Lipe!

Ana Guimarães

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