desenho de Rose Marinho Prado
Para a Ana Guimarães
Nesse tempo, venho andando e caindo, feito todos. Numa fragilidade que confesso me apavora. Em especial, porque, ou melhor, por causa disso que eu crio - que você chama de arte.
Tão confuso conciliar cor, linha, linha aqui ou lá. E essa instância de ser que nem sempre fala alto, ou tão alto quanto eu gostaria. Sou tímida em excesso e isso é que faz contraste, confunde a mim e aos que me conhecem. Porque, os de perto, se assustam com o tanto de trapalhadas. Quem sou eu afinal?
Não é que eu deixe de arrumar o quarto - ou quintal - para rabiscar um desenho, aqui ou lá? Não é que tanto esqueço de mim, de cuidar de mim, dos medos, anseios? Alguns amigos dizem: "Chega!". E certos estão.
Porque, ainda que eu negue - e antes negava mais, acho que se lembra assim como eu, o tanto que, de longe, você me incentivou a desenhar... - é a caçada dos meus traços, a parte de mim que me importa. De mim, dos desenhos, das palavras. É custoso, mas sei que é aí que habito.
Já chutei baldes de tinta, quebrei gizes, esses com que faço os desenhos de que tanto você gosta! E acha bonitos!
E a força de que preciso, para, como professora de redação, perseguir a reta, a origem, o fim? E cumprir o tempo certo então?
(Se lhe digo a cegueira é constante? Intuo as ladeiras, às vezes, erro. De que cegueira dizer? Falta palavra. É que há um sol escuro, mas sol. Ele aposta na vida!).
Os sentimentos se enrolam, puxo daqui, de lá. E vou...E os desenhos - só agora - começam a ganhar viço, determinação. Nem sei bem se um dia junto alguns e crio uma história. Não depende de mim, mas, de alguma coisa frágil que me habita. Mas que é visível, consigo enxergar. E, justo, por não esperar mais nada e sim, fazer - por causa da força feito essa que você me transmite - é que tenho conseguido constância e aprimoramento, senão, nos traços, ao menos no bailado dos riscos para que eu consiga expressar o que nem sei.
Sim, concordo com você. Não fosse a internet, meus desenhos não seriam conhecidos por tantas pessoas! É possível que eu nem desenhasse mais. Ou escrevesse. Porque os que vivem perto nem sempre dizem: "Faça!"Eles se aborrecem com o fato de eu ser inconstante, desorganizada...e assim vai...
Descobri que desenhava aos 22 anos. E corri nessa direção. Depois vieram fatos. Até sair das armadilhas! A vida pode jogar a gente longe da gente! Pra nunca mais.
Eu tenho sorte. Em especial, de ter uma amiga feito você. Constante, direta, verdadeira. E forte! Essa sua força! Ah!
Obrigada, agradeço o Feliz Aniversário, dito assim desse jeito tão sensível. Obrigada.
Rose Marinho Prado
(Resposta a esse recado que lhe deixei no orkut ontem: "Dir-te-ei hoje - agora - e não (só) no dia do seu aniversário - as tais palavras diferentes que desejas ouvir, Rose: comemore o ser especial que você é, e agradeça, tanto quanto nós somos gratos, o fato de pertencer a uma época em que sua arte pode ser conhecida por uma enormidade de pessoas através da internet."20:53 quinta-feira, 23 de setembro de 2010)
Link para seus desenhos e textos: http://roseeseusamigos.blogspot.com/
Muito obrigada por ter colocado o texto aqui. E o link.
ResponderExcluirBeijos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Ana,fui até a Rose, gostei do que vi e do que li no blog dela e deixei-lhe:
ResponderExcluir{No feixe de trilhos de "o gozo da letra' cheguei a essa porta - aportas traços na tua casa, em que muitos se reconhecem, e poderão parar, esperar a próxima chuva, e seguir no reconforto de não estarem sós, e só estarem.
Desenhas tão bem quanto pintas palavras.
Felicidades!}
Felicidades estendidas também a ti
Beijos
Muito obrigada, Terê. Ditas por você (exímia pintora e escritora) essas palavras tem um imenso valor e, com certeza emocionarão a Rose, uma pérola de pessoa, literalmente falando: uma jóia esculpida pelo roçar da vida.
ResponderExcluirBeijo
Já li...mas vou ficar bem quieta...
ResponderExcluirNossa! Travei! Muito bom ouvir.
É tão bom quando alguém diz "Eu tenho sorte".
ResponderExcluirReconhecer esta dádiva é abrir mais caminho para uma vida melhor!
1 Bj*
Luísa
Obrigada, Luísa, pela contribuição que decerto a Rose vai adorar ler.
ResponderExcluirbeijo
Essa coisa frágil que a habita torna o traço bem livre, alegre e sem peso algum.
ResponderExcluirEla, de fato, tem um bailado nos riscos. É muito belo de se ver. A que você escolheu para emoldurar o texto, o é ainda mais.
Como disse a Luísa, é uma raridade alguém declarar-se com sorte. E mais, ter amigos como você, que ela explicou com poucas e claras palavras: direta e constante. Simples assim. Concordo, pois me beneficio da amizade também. Beijos.
A Luísa está certa...E Djabal tb....
ResponderExcluirEssa amizade ....
Djabal! Um amigo especial que eu fiz pela internet, tanto quanto a Rose!
ResponderExcluirBeijo e obrigada.