Todos os excessos são condenáveis, até mesmo os da abstinência (Voltaire)
Seus companheiros
de ilusão
quem são?
Com o que combate
o horror à solidão
e tenta esquecer
que não tem mais sonhos?
Como lidar com o real
cada vez mais
avassalador?
Ao mal estar
você soma
a dependência
de algum paraíso artificial?
Crê precisar
de subterfúgios
para criar?
Só assim
as portas da percepção vão se abrir
céu e inferno
se intercambiar?
O que a literatura pode
(meio ou fim)
significar?
De que modo atravessa
o crespo do seu sertão
esse deserto da alma:
o liso do Sussuarão?
Se embriaga
se entorpece
quando não consegue
dizer não?
Que veredas percorre
em busca da fantasia
de completude?
Diga-me onde te abasteces
e dir-te-ei
quem não és
Na boca de fumo?
Num Mc da vida? (a droga do junkie food)
Na farmácia?
No botequim?
O que o ajuda a encarar
a falta, o excesso
o lusco-fusco da alma
seu Diadorim?
Tal linha de fuga
que prazeres
proporciona?
Estados alterados lhe dão (ou tiram)
vontade de que?
Que tonalidades o mundo perde
ou adquire?
E depois, o que suas sábias vísceras
denunciam?
Espasmos de culpa ou remorso
revém?
Ana Guimarães
sábado, 23 de julho de 2011
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Um dos melhores poemas até então lido em blogs.
ResponderExcluirNa verdade temos grandes sertões veredas em nosso corações. Só desconfiamos ter, mas não ousamos nos aventurar, exceto se a aventura for por meio de livros, que é uma tentativa de reconhecimento de si que é o outro. Existem outros sertões. Os sertões estão por todas as partes férteis desse mundo. Vamos nos apropriar do que é bom, logo, roubo o seu poema e me alimento das suas palavras para o todo sempre.
Obrigado pela beleza questionadora.
Querida Ana,
ResponderExcluirComo é bom sentir em seus versos a importância do verbo sonhar. Nesse poema você foi além do questionar.
Obrigada, querida, pelo seu comentário em meu blog pela exposição dos minicontos.
Beijos, com carinho
Madalena
Jádison: seja bem-vindo e muito obrigada pelo comentário! Volte sempre. Abraços
ResponderExcluirMadalena querida: obrigada! Senti sua falta no encontro com a Luiísa e o Renato Ribas. Beijo
'Adição' menciona a avalanche do real, e estabeleceu, abriu, um diálogo com a poesias posteriores.
ResponderExcluirJames Ellroy (Meus lugares escuros) disse também:
"Sua morte corrompeu minha imaginaçaõ e me concedeu dons que eu podia explorar. Ela me ensinou a auto-suficiência através de um mau exemplo. Eu possuía características de autopreservação até mesmo no auge de minha autodestruição. Minha mãe me deu o dom e a maldição da obsessão. Começou como curiosidade, em lugar de uma dor infantil. Brotou como a busca de um conhecimento sombrio e transformou-se numa terrível sede por estimulação sexual e mental."
Gostei, e os elogios são mais do que merecidos, são dignos de você e sua obra. Beijos.
Puxa, Djabal, me desculpe, só hoje - agora - estou vendo o seu comentário:
ExcluirPuxa, Djabal, me desculpe, só hoje - agora - estou vendo o seu comentário:
ExcluirObrigada e um grande abraço!
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