domingo, 16 de junho de 2019

MENINA

MENINA

Tomo minha água de coco e não suco de asa de barata, de pele de cobra, de sangue de morcego, essas coisas. Não fiz nenhum feitiço, caminhei duro os sete quilômetros em volta da Lagoa. Devagar, porque quis desfrutar da temperatura amena no Rio. 
Ontem sabia que não ia ter nenhum sabá, era um sabadozinho qualquer, no máximo um cineminha, e mesmo assim precisaria comprar com antecedência o bilhete na ingressopontocom. 
Não sei do que ele está falando. As letras é que são poderosas e quando se combinam fazem mágica. Contra a minha vontade, bem entendido. Apesar de mim. Embaralham-se e saem voando, nem precisam de vassoura, da mente direto pro papel. 
Não sei no que resultará, não escolho, sou escolhida. Se alguém é bruxa aqui são elas, sou só um instrumento. Eu e minha pena. Que pena! Bem que gostaria de reforçar a lenda, mas não. Sou pequena diante da criação. Menina, agora pedindo colo para descansar e enfrentar a fria brisa da manhã de outono. 

Ana Guimarães

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