FORÇA DE VONTADE
Força
se faz
para não se entregar
logo
(como o coração)
um seio
à mão
para que o aperte
muito
pouco
importa
que queira
ou não
apertá-lo
para sempre
Nesse limite
invisível
palpável
entre a intenção
e a contenção
da vontade
(pura hesitação)
vive-se
SEIS
Daria as vidas
que lhe restam
por minutos
em seus braços
Cinderela
sem queixume
à meia-noite
de volta pro borralho
Mulher-gato
retornaria, todo dia,
só pra lamber sua boca
de Batman
Cravaria o gatázio
em sua carne:
quem sabe alcançaria
um coração, no peito?
Pois quem gateia é ele
foge
negaceia
brinca de gato e rato
Diante disso
ela se contenta
em gatafunhar
seus escritos
VOCÊ E EU
não passamos
de fios
encaracolados
aos demais
não tecemos
mantas
agasalhos
sapatinhos
nem somos varais
estendidos
secando roupa
só nos enroscamos
e formamos
nós
quando muito juntos
como finos cordões
de ouro
Ana Guimarães
Já publicados aqui: http://www.cronopios.com.br/site/poesia.asp?id=1842
sábado, 30 de julho de 2011
sábado, 23 de julho de 2011
ADIÇÃO
Todos os excessos são condenáveis, até mesmo os da abstinência (Voltaire)
Seus companheiros
de ilusão
quem são?
Com o que combate
o horror à solidão
e tenta esquecer
que não tem mais sonhos?
Como lidar com o real
cada vez mais
avassalador?
Ao mal estar
você soma
a dependência
de algum paraíso artificial?
Crê precisar
de subterfúgios
para criar?
Só assim
as portas da percepção vão se abrir
céu e inferno
se intercambiar?
O que a literatura pode
(meio ou fim)
significar?
De que modo atravessa
o crespo do seu sertão
esse deserto da alma:
o liso do Sussuarão?
Se embriaga
se entorpece
quando não consegue
dizer não?
Que veredas percorre
em busca da fantasia
de completude?
Diga-me onde te abasteces
e dir-te-ei
quem não és
Na boca de fumo?
Num Mc da vida? (a droga do junkie food)
Na farmácia?
No botequim?
O que o ajuda a encarar
a falta, o excesso
o lusco-fusco da alma
seu Diadorim?
Tal linha de fuga
que prazeres
proporciona?
Estados alterados lhe dão (ou tiram)
vontade de que?
Que tonalidades o mundo perde
ou adquire?
E depois, o que suas sábias vísceras
denunciam?
Espasmos de culpa ou remorso
revém?
Ana Guimarães
Seus companheiros
de ilusão
quem são?
Com o que combate
o horror à solidão
e tenta esquecer
que não tem mais sonhos?
Como lidar com o real
cada vez mais
avassalador?
Ao mal estar
você soma
a dependência
de algum paraíso artificial?
Crê precisar
de subterfúgios
para criar?
Só assim
as portas da percepção vão se abrir
céu e inferno
se intercambiar?
O que a literatura pode
(meio ou fim)
significar?
De que modo atravessa
o crespo do seu sertão
esse deserto da alma:
o liso do Sussuarão?
Se embriaga
se entorpece
quando não consegue
dizer não?
Que veredas percorre
em busca da fantasia
de completude?
Diga-me onde te abasteces
e dir-te-ei
quem não és
Na boca de fumo?
Num Mc da vida? (a droga do junkie food)
Na farmácia?
No botequim?
O que o ajuda a encarar
a falta, o excesso
o lusco-fusco da alma
seu Diadorim?
Tal linha de fuga
que prazeres
proporciona?
Estados alterados lhe dão (ou tiram)
vontade de que?
Que tonalidades o mundo perde
ou adquire?
E depois, o que suas sábias vísceras
denunciam?
Espasmos de culpa ou remorso
revém?
Ana Guimarães
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