Luto não é doença, nem só tem a ver com morte. Tristeza não é depressão, ela indica que alguma coisa, pessoa ou situação que realmente importava se foi, acabou.
E nem sempre a não solidariedade manifesta significa insensibilidade, ou mesmo indiferença. Muitas vezes as pessoas têm dificuldade de escutar o lamento, o choro, o sofrimento do outro porque estão anestesiados dos seus próprios, vestem uma couraça e é difícil dela se desfazer.
Porque não sabem falar, muito menos ouvir sobre perdas, é incômodo, tendem a querer que o amigo “se recupere” logo, pare de sofrer, mas isso tem um tempo para cada um, talvez seja preciso ficar em silêncio ou, ao contrário, repetir a verbalização da falta até à exaustão.
E a raiva costuma ser mais um sentimento presente no processo, ela também precisa poder ser admitida e acolhida.
Querer preencher logo o vazio de um ente querido que foi embora pode ser até um ser sinal de desespero.
A ausência, apesar de dor que carreia, também traz ensinamentos valiosos, mas esses são únicos, subjetivos, intransferíveis, dependem das circunstâncias de vida de cada um.
A elaboração pode custar um pouco a acontecer, mas quando vier, então será espontaneamente, de dentro para fora.
Ana Guimarães
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