quarta-feira, 9 de março de 2011

CINZAS

Quando o dia
parecia um deserto
e à noite
desperto
esperando
em caravana seguia
você chegou
trazendo folia
música
fantasia
lançando perfume
às minhas cinzas
que rubras ficavam
e renasciam
O carnaval acabou
seu bloco passou, se foi
deixei de brincar
e me pus a dormir
para não mais sonhar

Ana Guimarães

9 comentários:

  1. Hum...

    Então...leiamos:

    ''para não mais sonhar/Quando o dia
    parecia um deserto''

    Esse eu lírico...falseia. Senão vejamos:

    ''e à noite
    desperto
    esperando''
    às minhas cinzas
    que rubras ficavam
    e renasciam".

    A presença do verbo "renascer" é evidência de que outro Carnaval virá para quem espera. Esse poeta engana.

    E aqui outra descoberta. Tire a coberta de quem dorme. E que ele sonhe, olha só:

    ''e me pus a dormir
    para não mais sonhar''

    QUEM DORME SONHA, PORTANTO, o eu lírico brinca com você, leitor. Poeta fingidor, não?

    Era carnaval, pois então.

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  2. Quando não dá mais pra sonhar acordado, o melhor é dormir. E sonhar.
    Obrigada, Rose, por pular no meu bloco de 4ª feira de cinzas!
    Beijos
    PS Espero que o Yuri (tá certo?) esteja te deixando dormir, senão você não pode sonhar.

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  3. Bacana, Ana...:)
    Eu, por exemplo, sonho muito mais acordada do que dormindo... rsrs... ;)
    Beeeijos!!!

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  4. "...lançando perfume às minhas cinzas..."

    Que novas sementes de sonhos e cores sempre nos tragam perfumes e poesia!

    Abraços alados azuis.

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  5. Ana, querida,

    Entre sonhar e pular, dormimos ou não?

    Como sempre você me faz refletir...

    Beijos, carinho
    Madá

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  6. Obrigada, meus amigos. Sonhar é preciso. Dormindo ou acordado.
    beijos

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  7. Carvão é assim mesmo: enquanto queima fica vermelho. Queimado, deixa o marcado traço negro.
    Nítido ou embaçado. Vermelho e negro. O tempero é a cinza.

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  8. Perfeito. O cinza é o luto. O tempo de que se necessita para novo vermelho. Um ciclo que se repete. Ad infinitum.

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