Shakespeare, Virginia Woolf, Charles Dickens, Oscar Wilde, Lewis Carroll, Isaac Newton, Charles Darwin, Chaplin, Beatles, Fred Mercury, Mary Quant. Parodiando Woody Allen em Meia-noite em Paris, andar por Londres é esbarrar em personalidades inglesas de outras épocas sempre vivas na memória, para no final rendermos tributo ao presente ao constatarmos que a cidade, dona de irresistível charme, é uma metrópole moderna que soube resistir ao tempo, preservar seu incalculável legado histórico.
Heathrow é um senhor aeroporto: organização, atendimento e limpeza impecáveis. O metrô, detentor de um prêmio de design, eficiente. Os célebres ônibus de dois andares e as cabines telefônicas vermelhas, imperdíveis. Os tradicionais táxis pretos ultra-espaçosos valem uma corrida. Com um bom mapa nas mãos consegue-se caminhar sem tropeço nas ruas, mas lembre-se de que a mão é invertida, os carros andam pela esquerda, cuide de olhar nas duas direções antes de atravessar. Não deixe de conhecer a palpitante Oxford Street (com intenso comércio), as lendárias Baker Street (que abriga o museu Sherlock Holmes) e Abbey Road (onde o famoso quarteto posou para a capa do penúltimo disco da banda) e um lugar chamado Notting Hill, sua feira de antiguidades aos sábados.
Aos domingos, no Speaker’s Corner do Hyde Park, qualquer um em cima de um caixote pode fazer o discurso que quiser. Embora a maioria interprete como exercício de democracia, de liberdade de expressão parece que o costume remonta há séculos atrás quando prisioneiros sentenciados à morte proferiam suas últimas palavras antes de serem enforcados num patíbulo instalado nesse exato local.
Principais pontos turísticos: o Parlamento e seu relógio, o Big Ben, emblemático da cidade. A Torre de Londres. A ponte sobre o rio Tâmisa. A Catedral de St Paul. A Abadia de Westminster. A troca da guarda do Palácio de Buckingham, residência oficial da monarquia. A Tate Gallery. O museu de cera Madame Tussauds. London Eye (a roda-gigante). Trafalgar Square (a praça mais importante da City). Piccadilly Circus. Marisfield Garden, 20 (um ilustre endereço, a casa onde Freud viveu e trabalhou depois que, foragido, deixou Viena ocupada pelos nazistas). E o mais deslumbrante: o colossal acervo do museu Britânico, com preciosidades tais como a Rosetta Stone (a pedra a partir da qual Champollion traduziu os hieróglifos), a bíblia de Gutenberg (o primeiro livro impresso), a sala de leitura da Biblioteca (frequentada por Bernard Shaw, Lenin e outros notáveis) e vasta coleção de antiguidades gregas, egípcias e romanas (o espólio do império foi grande, até hoje fonte de atrito entre os governos que exigem a devolução das relíquias).
Diversos entretenimentos noturnos estão à disposição do visitante: ópera, balé, sinfônicas, grandes espetáculos teatrais. Se a obra de arte há muito deixou de ser só objeto de contemplação para tornar-se também motor de inquietude, perco-me nesse redemoinho de imagens, deixo-me inundar por uma chuva de impressões que logo sulcam e fertilizam todo o meu ser, culminando numa verdadeira experiência estética de abandono e pacificação.
Por fim vou às compras na Harrods, loja de departamentos com 90 mil metros quadrados de espaço de venda, cujo lema é Omnia Omnibus Ubique (todas as coisas, para todas as pessoas, em todo lugar). Dizem que a primeira escada rolante apareceu aqui, em 1898, e os clientes eram esperados no topo com uma bebida, para acalmá-los; o Food Hall é uma atração à parte. Aliás, contrariando o estereótipo, a gastronomia muito tem a oferecer: fish&ships, chá das cinco e pubs, típicas e deliciosas instituições inglesas. Os restaurantes étnicos também são dos melhores, sendo a comida indiana a mais popular entre as estrangeiras, talvez porque a Inglaterra seja a segunda pátria dos hindus. Aproveite.
Ana Guimarães
"De resto, em matéria quase que sem chamas, menciono a novidade da moda: riquixás ou jinriquixás. Isso. Aqueles vastos velocípides de origem chinesa ou japonesa fazendo concorrência aos famosos black cabs londrinos. É, aqueles mesmo. Os táxis pretões (epa! Cuida-te, boca!) que, em número de 25 mil, constituem, uma das marcas registradas da cidade." Ivan Lessa, no BBC
ResponderExcluirUma pequena chama arde em Londres, mesmo antes das chamas e que se chama : inovação. "Velocípedes" para transporte urbano e pintados com a cor amarela. Mesmo uma cidade tão tradicional, ou porque tradicional, se permite uma novidade como essa. Custe o que custar.
Obrigado por nos lembrar do velho Dickens, entre outros, tão amoroso com a sua City. Beijos.
Um dia estarei por lá, Ana.
ResponderExcluirPara desfrutar destas beleza estéticas & culturais.
Um belo roteiro narrado por mãos habilidosas.
Beijão.
Ricardo Mainieri
Ana o titulo é ótimo e inda bem que voce visitou Londres antes das ditas chamas...deu para viajar nas tua narrativa e recordar o que li apenas em livros.... como seria maravilhoso mesmo estar la com todos estes escritores que voce citou como no Meia Noite em Paris...adorei...beijos
ResponderExcluirObrigada, meus amigos! É sempre uma alegria ver seus comentários aqui. Beijos
ResponderExcluirAna Guimarães