domingo, 12 de julho de 2009

AMOR À LÍNGUA



Eu a amo tanto que
às vezes, me espanto
fico muda, de respeito

como a verdade
ela jamais se desnuda
toda

com agulhas de dor
e fios de ausência
teço seu enxoval

embora não seja parteira (e sim curiosa)
cuido que renasça
sempre

parto a palavra e embarco
sem medo de que alguém (ela ou eu)
seja náufrago, vá à pique

porque partida, ela é mais inteira
escrita, mais próxima da falha do que falada
vazia, plena de possíveis sentidos
solta, prende e apreende melhor
a coisa

nessa alquimia verbal
não procuro nem acho, transmuto
abro caminhos
e invento meu ponto de estofo
gozo inter-dito

Ana Guimarães



11 comentários:

  1. Renascendo do inter-dito; internas falas, FALAS do que falamos, do falo que é a comunicação intra o externa dita.
    Na vida das falas ecritas/
    fitas, que circulam as "vistas",
    ou ouvidas que se complementam e seguem
    semeando nos canteiros.
    Bela poesia
    Beijos e boa semana.
    Estás produtiva. Parabéns pela sempre disponibilidade de trocar

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  2. Homenagear a palavra, traidora, próxima, distante, gaveta, ônibus, mas sempre fascinante. Ela enfeitiça que a utiliza, e exige sempre mais de quem a ama. Infinita palavra, infinito eu, infinitas ligações. Parabéns pela poesia dita, escrita e lavrada. Beijos.

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  3. Toda boa! E com essa frase fico:
    "não procuro nem acho, transmuto
    abro caminhos"
    Obrigada!
    Besitossss

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  4. Olá Ana!! Obrigada por esse seu amor à língua. Somos nós os premiados, pois podemos desfrutar de suas maravilhosas obras .
    Fico com a Quel... que fica com: "não procuro nem acho, transmuto abro caminhos". D+ !!!!

    Um beijo

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  5. Meus D'us que lindo o teu poema!

    Obrigada pela tua contribuição no comentário, lembrando Woody Allen , inseri no post,o deixou mais rico.

    beijo e boa semana.

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  6. Olá,
    Gostaria de convidá-la praqui:
    www.semtidogozado.blogspot.com
    Parabéns pelo site e por outras coisas...

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  7. Obrigada, Silvia! Beijo.

    Marie e Bia: muito obrigada. E sejam bem-vindas ao meu blog. Beijos

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  8. Olá Ana, palavras, muitas vezes tão preciosas e precisas; outras,tão desnecessárias.Em seu poema,belas são as palavras!
    Abraço,
    Angélica

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  9. encantadíssima, ana! há tempos não me animava assim... adorei seu texto sobre praga.

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  10. Angélica e Luci: muito obrigada e desculpe só hoje estar agradecendo!
    Abraços

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