Carregamos conosco, cada qual a seu modo
uma paisagem harmonizada, uma cidade
que existe e não existe, como a realidade...
Bruno Tolentino
uma paisagem harmonizada, uma cidade
que existe e não existe, como a realidade...
Bruno Tolentino
Chegamos a Praga, capital da República Tcheca, a pérola do oriente europeu, o navio dourado que navega majestoso pelo Vltava, como dizia Apollinaire, uma das cidades mais mágicas do mundo, concordo com Thomas Mann. Instalados no centro de Staré Mesto (Cidade Velha), a alguns passos de Staromestké Námesti, a praça, guiados por mãos experientes de viajantes que nos antecederam, resolvemos passar o primeiro dia explorando esse que é considerado um dos mais belos bairros da Europa.
Visitamos a antiga Prefeitura, cujo prédio exibe na fachada o famoso relógio astronômico medieval, o Radnice, um ícone da cidade. Centenas de turistas diante dele para ver e registrar, a cada hora cheia, a procissão das estátuas de Jesus e seus apóstolos, seguidos pela da morte e outras figuras simbólicas.
Depois, paramos para apreciar o monumento erguido em homenagem ao reformista religioso Jean Huss, sacerdote, mártir e precursor da Reforma protestante. Em seguida, almoçamos no Orologio, um dos vários restaurantes com mesas na calçada, onde se pode experimentar a autêntica cozinha tcheca: deliciosas e bem temperadas carnes de porco e pato, com o acompanhamento típico: dumplings. De sobremesa, Palacinky (crepe com sorvete). A pivo (cerveja) local além de saborosa é leve, o que não dificulta a continuação da caminhada.
Percorrer a Celetná, a rua mais antiga, por onde passavam os cortejos reais, é como voltar no tempo, a alma da gente rodopia! Aqui está a deslumbrante Igreja Tyn, fundada em 1365, que abriga a tumba do astrônomo Tycho Brahe, e ainda a Torre de Pólvora, em estilo gótico, uma obra prima de Matej Rejsek, que além de funções militares servia como portão principal para o rei quando retornava do estrangeiro. Bem perto está outro ‘cartão postal’, o prédio mais bonito de Praga, a Casa Municipal.
Amantes do escritor Franz Kafka, fizemos questão de ir ver sua estátua, como não poderia deixar de ser, uma insólita escultura em bronze, ao lado da Sinagoga Espanhola, na fronteira com o Josefov, o bairro judeu. E, ingressos previamente comprados, fomos assistir no Image uma apresentação teatral não verbal, o Black Light Theatre, assim chamado porque nele os artistas vestidos de preto para ficarem invisíveis no também negro plano de fundo do palco contam histórias através de pantomimas, esquetes de vaudeville e ballet, utilizando fabulosos efeitos visuais. Performances toda noite, sempre com espetáculos diferentes.
Last but not least, percorremos a maravilhosa Karluv Most (Ponte Carlos), só para pedestres (uma multidão transita por ali, diariamente), ornada com trinta estátuas ao longo dela, sendo que a de São João Nepomuceno, bem no meio, é uma homenagem a ele que foi jogado ao rio nesse ponto porque se recusou a contar ao rei o que a rainha havia lhe dito em confissão. Jantamos no Klub Arquitektú, ao lado da histórica capela Betlémská.
Nové Mesto é a Cidade Nova, onde fica a imensa praça de São Venceslau com a estátua eqüestre do santo patrono da região, circundada de edifícios antigos e modernos, muitos em estilo art noveau. Museus, galerias, lojas e o conhecido café Europa. Mas preferimos outro de ambiente também luxuoso, atendimento exemplar, cardápio internacional, outrora frequentado por Einstein: o Louvre, assim que saímos do espetacular Laterna Mágika, na mesma rua, uma espécie de show multimídia, com imagens e sons gravados e artistas ao vivo.
Na margem esquerda do rio, no alto de uma colina fica Hradcany, ou o distrito do Castelo. O lugar é amplo, a vista, esplêndida. Entra-se pelo magnífico Portão de Matias (demos sorte de chegar na hora da cerimônia de troca da guarda, um acontecimento) para visitar o Palácio Real (residência dos reis e príncipes da Boêmia até o final do século XVI; depois de 1918 os presidentes passaram a ser aqui empossados), o Tesouro (coleção de jóias, relicários, etc), a basílica de São Jorge e a imponente Catedral de São Vito, com 21 capelas, destaque para a de São Venceslau.
Descendo, chega-se em outro bairro, o Malá Strana, onde está a Igreja de São Nicolau, uma das mais lindas construções barrocas da cidade, seu domo é visto de longe, impressiona. Mais abaixo ainda, a Igreja de Nossa Senhora Vitoriosa que possui a escultura em cera do Menino Jesus de Praga, a quem atribuem curas milagrosas.
Quando Praga me ocupa o coração, tenho que ir embora. Chove pela primeira vez em toda a viagem. Dói a partida, talvez porque se confunda com o final de um longo, sonhado e realizado périplo. Embriagada por seu aroma, sua gente hospitaleira, seus bem cuidados recantos históricos, despeço-me. Sei que amei só pedaços, fragmentos, instantes soltos, flashes, e por pouco tempo – pura epifania – porém tenho dificuldade de partir o fio já tecido. Faço minhas as palavras de Kafka: esta velha tem garras, não deixa a gente ir embora.
Ana Guimarães
Visitamos a antiga Prefeitura, cujo prédio exibe na fachada o famoso relógio astronômico medieval, o Radnice, um ícone da cidade. Centenas de turistas diante dele para ver e registrar, a cada hora cheia, a procissão das estátuas de Jesus e seus apóstolos, seguidos pela da morte e outras figuras simbólicas.
Depois, paramos para apreciar o monumento erguido em homenagem ao reformista religioso Jean Huss, sacerdote, mártir e precursor da Reforma protestante. Em seguida, almoçamos no Orologio, um dos vários restaurantes com mesas na calçada, onde se pode experimentar a autêntica cozinha tcheca: deliciosas e bem temperadas carnes de porco e pato, com o acompanhamento típico: dumplings. De sobremesa, Palacinky (crepe com sorvete). A pivo (cerveja) local além de saborosa é leve, o que não dificulta a continuação da caminhada.
Percorrer a Celetná, a rua mais antiga, por onde passavam os cortejos reais, é como voltar no tempo, a alma da gente rodopia! Aqui está a deslumbrante Igreja Tyn, fundada em 1365, que abriga a tumba do astrônomo Tycho Brahe, e ainda a Torre de Pólvora, em estilo gótico, uma obra prima de Matej Rejsek, que além de funções militares servia como portão principal para o rei quando retornava do estrangeiro. Bem perto está outro ‘cartão postal’, o prédio mais bonito de Praga, a Casa Municipal.
Amantes do escritor Franz Kafka, fizemos questão de ir ver sua estátua, como não poderia deixar de ser, uma insólita escultura em bronze, ao lado da Sinagoga Espanhola, na fronteira com o Josefov, o bairro judeu. E, ingressos previamente comprados, fomos assistir no Image uma apresentação teatral não verbal, o Black Light Theatre, assim chamado porque nele os artistas vestidos de preto para ficarem invisíveis no também negro plano de fundo do palco contam histórias através de pantomimas, esquetes de vaudeville e ballet, utilizando fabulosos efeitos visuais. Performances toda noite, sempre com espetáculos diferentes.
Last but not least, percorremos a maravilhosa Karluv Most (Ponte Carlos), só para pedestres (uma multidão transita por ali, diariamente), ornada com trinta estátuas ao longo dela, sendo que a de São João Nepomuceno, bem no meio, é uma homenagem a ele que foi jogado ao rio nesse ponto porque se recusou a contar ao rei o que a rainha havia lhe dito em confissão. Jantamos no Klub Arquitektú, ao lado da histórica capela Betlémská.
Nové Mesto é a Cidade Nova, onde fica a imensa praça de São Venceslau com a estátua eqüestre do santo patrono da região, circundada de edifícios antigos e modernos, muitos em estilo art noveau. Museus, galerias, lojas e o conhecido café Europa. Mas preferimos outro de ambiente também luxuoso, atendimento exemplar, cardápio internacional, outrora frequentado por Einstein: o Louvre, assim que saímos do espetacular Laterna Mágika, na mesma rua, uma espécie de show multimídia, com imagens e sons gravados e artistas ao vivo.
Na margem esquerda do rio, no alto de uma colina fica Hradcany, ou o distrito do Castelo. O lugar é amplo, a vista, esplêndida. Entra-se pelo magnífico Portão de Matias (demos sorte de chegar na hora da cerimônia de troca da guarda, um acontecimento) para visitar o Palácio Real (residência dos reis e príncipes da Boêmia até o final do século XVI; depois de 1918 os presidentes passaram a ser aqui empossados), o Tesouro (coleção de jóias, relicários, etc), a basílica de São Jorge e a imponente Catedral de São Vito, com 21 capelas, destaque para a de São Venceslau.
Descendo, chega-se em outro bairro, o Malá Strana, onde está a Igreja de São Nicolau, uma das mais lindas construções barrocas da cidade, seu domo é visto de longe, impressiona. Mais abaixo ainda, a Igreja de Nossa Senhora Vitoriosa que possui a escultura em cera do Menino Jesus de Praga, a quem atribuem curas milagrosas.
Quando Praga me ocupa o coração, tenho que ir embora. Chove pela primeira vez em toda a viagem. Dói a partida, talvez porque se confunda com o final de um longo, sonhado e realizado périplo. Embriagada por seu aroma, sua gente hospitaleira, seus bem cuidados recantos históricos, despeço-me. Sei que amei só pedaços, fragmentos, instantes soltos, flashes, e por pouco tempo – pura epifania – porém tenho dificuldade de partir o fio já tecido. Faço minhas as palavras de Kafka: esta velha tem garras, não deixa a gente ir embora.
Ana Guimarães
Ler-te,amada escriba nossa,é "viajar" de formas várias,sempre intensamente,sorvendo vivos textos seus!
ResponderExcluirViva a Vida!
BZU!
Quando Praga lhe ocupa o coração... Adeus! Ana, eu nem consigo imaginar a emoção de visitar uma igreja de 1365 e todos os sentimentos que uma cidade tão antiga deve suscitar, ou melhor, consigo sim, através de sua linda crônica.
ResponderExcluirBeijos
Viajei com você por essa velha e majestosa Praga. O seu relato teve o poder de me transportar para esse lugar cheio de história,
ResponderExcluirque não para de pulsar.
Um grande abraço,
Jaime Leitão
De alguma forma também mágico você realizou o sonho de muitos de nós. Sonho que se materializa num texto, numa foto, numa lembrança, nos nomes, na leveza da cerveja ou da carne de porco. Saber e sentir a garra daquela que insiste em não nos deixar sair. Esta sensação é o louvor do escritor, como o segredo de confissão o é do confessor. Beijos.
ResponderExcluirQuando Praga ocupa o coração, seu texto nos arrebata.
ResponderExcluirObrigado por esse passeio por lugares lindos, destacados por sua sensibiulidade.
Abraços
Luiz Ramos
Querida Ana,
ResponderExcluirconhecer, estar, sentir lugares como este que descreves é sem dúvida motivo para dizer que "a alma da gente rodopia!".
Obrigada pelo momento.
1 Bj*
Luísa
Viajar assim é muito bom.
ResponderExcluirCadinho RoCo
Bom dia Ana!
ResponderExcluirFazer turismo com você como guia... que delícia.
beijinho
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirContinuo seguindo a viagem, rssss!!
ResponderExcluirBjs!
Ana,
ResponderExcluirSuas crônicas de viagem estão ornadas da mais fina tessitura; em cada ponto se-para e re-toma.Foi um prazer a leitura de todas elas, como estando contigo! Parabéns amiga querida. Beijos e ótima semana
Ana,
ResponderExcluirConcordo plenamente com a Tere, mas o que me mobilizou, outra vez é esse encantamento que aqueles que sabem da importância das raízes da cultura, de sua influência em tempos indetermináveis manifestam, como tu. Somos produtos desse tecido que a cultura constrói. E como faz bem de vez em quando retomarmos, se possível assim "ao vivo e acores" percorrendo fisicamente e afetivamente, como os encantos que re-encontramos ao estar diante de determinadas obras memoriais.
Beijos, viajei contigo e fostes uma encantadora guia nesses teus textos.
Beijos, bom final de semana
Saly
Amigos, (ess)a viagem acabou, mas a outra, da literatura, continua.
ResponderExcluirMuito obrigada pela companhia.
Beijos
Ana, que delícia viajar com você. Praga (rs) como essa, adoraria que tomasse conta de mim. Um espetáculo!rs
ResponderExcluirEu já vinha seguindo vc e, de repente, minha foto sumiu. Ontem, eu não conseguia encontrar meu blog.Estou pasma com as surpresas desse blogspot.
Um beijo e seguimos em frente nesse tour.
Cruzes, que indelicadeza não ter respondido ao seu comentário ainda! É que só hoje - agora - o vi, acredita? (será que existe algum dispositivo que avise a gente que houve alguma postagem no nosso blog?)
ResponderExcluirBeijo, amiga! E que bom que gostou de viajar comigo! Você gostaria também de fato, e não só no virtual: sou uma companhia divertida e adoro viagens!
Querida Ana Guimarães, que delicioso o teu texto, me senti visitando a cidade de Praga contigo!... Descrição saborosa e poética, temperada por sensibilidade e afeto. Agradeço por teres me convidado a ler, e aguardo o dia em que também poderei visitar pessoalmente os recantos históricos daquela bela cidade. Beijos e abraços alados e um ano luminoso e feliz!
ResponderExcluirObrigada, mas a "culpa" é da cidade que nos arrebata e magnetiza, você vai ver, Analuka!
ResponderExcluirBjs