quarta-feira, 10 de abril de 2019

NADA

Hoje é aniversário do meu amor, meu Riobaldo, aquele que tem feito a travessia da vida comigo.
Uma homenagem:

NADA

Amar
assim feito eu e você
é um verbo
mais que perfeito
seja pretérito
presente
ou futuro
é imperfeito
nada que dê jeito
que acalme
que resolva os contrários
nossas diferenças
(tem que ‘ter peito’ pra se amar assim)

rusgas a toda hora
rugas
o tempo passa
a pele vira uva-passa
muda a estação: neve até nos cabelos
mas no coração, verão
mesmo depois de ‘um dia de cão’
eu ainda a choraminguar
vem uma noite nova
minha mão na sua
cheia, a lua
você crescente
e é sempre bom, como pão quente

nenhum complemento
não importa o elemento:
metade da maçã
alma gêmea
yin & yang
completude?
só no espelho, sabemos
não somos mais dois fedelhos
o amor é guerra, ainda que do bem
nada de zen
a palavra é sem, é falta
escrevo à lauta
e não preencho o vazio

apenas arrulho
sou rola
não rolha, já disse
nada tampono
esperança disso
seria criancice
loucura
coisa de poeta
quando entra em alfa, em beta
e canta na sua gaiola (o papel)
caminho inverso ao trilhado por Zola:
voltar as costas ao Real
e se inscrever na elegia romântica

Ana Guimarães

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